1 00:00:02,000 --> 00:00:07,000 A 3,2 bilhões de anos-luz da Terra um grupo de astrônomos capturou ao vivo com o Hubble 2 00:00:07,000 --> 00:00:10,000 algo que eles jamais pensaram que conseguiriam ver. 3 00:00:24,000 --> 00:00:26,000 Este é o Hubblecast! 4 00:00:26,000 --> 00:00:35,000 Notícias e imagens do Hubble Space Telescope da NASA/ESO. Viajando através do tempo e do espaço com nosso apresentador, Dr. J. 5 00:00:38,000 --> 00:00:42,000 Há hoje muitas galáxias de diferentes formas e tamanhos no universo ao nosso redor. 6 00:00:43,000 --> 00:00:49,000 Cerca de metade são galáxias elípticas pobres em gás, com umas poucas estrelas novas se formando atualmente, 7 00:00:49,000 --> 00:00:57,000 enquanto que a outra metade é de galáxias espirais ou irregulares ricas em gás, com muita atividade de formação de novas estrelas. 8 00:00:57,000 --> 00:01:04,000 Porém, as observações mostraram que galáxias pobres em gás são frequentemente encontradas perto do centro de ricos aglomerados de galáxias, 9 00:01:04,000 --> 00:01:08,000 enquanto que as espirais passam a maior parte de suas vidas em solidão. 10 00:01:09,000 --> 00:01:14,000 Contudo, as observações do Universo profundo e extremamente distante também nos mostram que 11 00:01:14,000 --> 00:01:19,000 quando o Universo tinha cerca de metade de sua idade atual, as coisas eram muito diferentes. 12 00:01:19,000 --> 00:01:24,000 Naquele tempo, somente uma em cada dez galáxias era pobre em gás. 13 00:01:24,000 --> 00:01:29,000 Assim a pergunta é: de onde vieram todas as galáxias pobres em gás? 14 00:01:29,000 --> 00:01:33,000 Aparentemente, deve ter havido algum tipo de processo de transformação, 15 00:01:33,000 --> 00:01:41,000 mas porque a evolução galática acontece ao longo de bilhões de anos, os astrônomos até agora não foram capazes de vê-la "ao vivo". 16 00:01:43,000 --> 00:01:50,000 Novas observações feitas com o Hubble, por uma equipe internacional liderada por Luca Cortese, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, 17 00:01:50,000 --> 00:01:54,000 nos deram um dos melhores exemplos até agora desta metamorfose. 18 00:01:56,000 --> 00:02:05,000 "Bem, estávamos olhando para o aglomerado Abell 2667, e percebemos que esta galáxia está caindo em direção ao centro do aglomerado 19 00:02:05,000 --> 00:02:08,000 a uma velocidade de aproximadamente 3,5 milhões de km/h". 20 00:02:09,000 --> 00:02:19,000 O enorme campo gravitacional de Abell 2667 é gerado por uma combinação da matéria escura do aglomerado, de gás aquecido e de centenas de galáxias. 21 00:02:21,000 --> 00:02:29,000 À medida em que a galáxia atravessa o aglomerado, seu gás e suas estrelas são arrastadas pelo plasma quente no aglomerado, 22 00:02:29,000 --> 00:02:33,000 que pode atingir temperaturas de até 10 a 100 milhões de graus. 23 00:02:33,000 --> 00:02:39,000 Também contribui para esse processo destrutivo a força de maré exercida pelo aglomerado. 24 00:02:39,000 --> 00:02:45,000 Ela é exatamente a mesma força através da qual o Sol e a Lua interferem no nível dos oceanos terrestres. 25 00:02:46,000 --> 00:02:58,000 Ambos os processos - a força de maré e a força de arrasto produzida pela passagem através do plasma quente do aglomerado - lembram aqueles que afetam os cometas de nosso Sistema Solar. 26 00:02:58,000 --> 00:03:04,000 Por esta razão, os cientistas apelidaram esta galáxia espiral peculiar, com sua cauda, de "Galáxia Cometa". 27 00:03:05,000 --> 00:03:12,000 "Estamos vendo uma galáxia única, que está se transformando pelo fato de estar sendo atraída para o centro do aglomerado". 28 00:03:12,000 --> 00:03:22,000 "E o que vemos exatamente é um tipo de galáxia espiral com muito gás, e vemos um rastro de estrelas, de estrelas azuis em formação". 29 00:03:22,000 --> 00:03:31,000 "E vemos também, ao redor daquelas estrelas, um tipo de gás sendo arrastado para fora pela força". 30 00:03:32,000 --> 00:03:40,000 Além disso, milhões de estrelas agora sem uma casa foram removidas de sua galáxia-mãe, o que as leva a envelhecer prematuramente. 31 00:03:42,000 --> 00:03:48,000 Mesmo que sua massa seja um pouco maior do que a da Via Láctea, a espiral inevitavelmente perderá todo o seu gás e poeira, 32 00:03:48,000 --> 00:03:57,000 perdendo com isso sua chance de gerar mais tarde novas estrelas, de modo que provavelmente se tornará uma galáxia pobre em gás com uma população de velhas estrelas vermelhas. 33 00:03:58,000 --> 00:04:05,000 Contudo, em meio a toda esta destruição, a poderosa força de maré do aglomerado por sua vez gerou um surto de formação de novas estrelas. 34 00:04:05,000 --> 00:04:12,000 O Hubble captou ainda outros efeitos espetaculares da imensa massa de Abell 2667. 35 00:04:12,000 --> 00:04:19,000 O gigantesco arco azulado que é visto um pouco fora do centro é a imagem magnificada e distorcida de uma distante galáxia ao fundo, 36 00:04:19,000 --> 00:04:25,000 vista através da lente gravitacional formada pela tremenda concentração de massa do aglomerado. 37 00:04:25,000 --> 00:04:34,000 No centro do aglomerado há uma outra característica rara: a vívida luz azul de milhões de estrelas criadas no chamado fluxo frio. 38 00:04:34,000 --> 00:04:41,000 Uma parte do gás quente, à medida em que cai em direção ao centro do aglomerado, está esfriando na forma de uma estrutura filamentosa, 39 00:04:41,000 --> 00:04:45,000 desencadeando o nascimento de muitas estrelas azuis brilhantes, que iluminam seu próprio entorno. 40 00:04:45,000 --> 00:04:49,000 Esta pode ser a mais clara imagem deste fenômeno obtida até agora. 41 00:04:51,000 --> 00:04:59,000 Combinando imagens em luz visível, infravermelho e raio-X obtidas pelos observatórios Hubble, Spitzer, Chandra, VLT e Keck, 42 00:04:59,000 --> 00:05:04,000 podemos ver que esta descoberta acrescenta um dado novo em um panorama 43 00:05:04,000 --> 00:05:10,000 onde as galáxias lentamente assumem novas formas pelas violentas interações com o ambiente do aglomerado. 44 00:05:10,000 --> 00:05:17,000 Embora haja muitas descobertas ainda por fazer, os elementos recentes lançam uma luz nova sobre os mistérios da natureza 45 00:05:17,000 --> 00:05:21,000 e revelam algumas de suas maravilhas ocultas. 46 00:05:23,000 --> 00:05:26,000 Eu sou Dr. J., encerrando este Hubblecast. 47 00:05:26,000 --> 00:05:31,000 Mais uma vez a natureza nos surpreendeu além de nossa mais vívida imaginação. 48 00:05:32,000 --> 00:05:37,000 O Hubblecast é produzido pelo ESA/Hubble no European Southern Observatory, na Alemanha. 49 00:05:37,000 --> 00:05:40,000 A missão Hubble é um projeto de cooperação internacional entre a NASA e a European Space Agency.